Trilogia do Tempo: Futuro

Ano: 2016 | 2017
Local: MIP3 – Manifestação Internacional de Performance — Belo Horizonte | Curitiba
Duração: 1 hora

Ano: 2016 | 2017
Local: MIP3 – Manifestação Internacional de Performance — Belo Horizonte | Curitiba
Duração: 1 hora

  • Descrição

  • Sobre a performance

Em uma sala há um espelho de 1 x 1,75m encostado na parede. Entro na sala carregando uma case de madeira de 1,5m de comprimento. Páro na frente do espelho. Coloco a case no chão e a abro. Dentro há um arco, diversas flechas, uma luva, um protetor de braço, pó de magnésio e um despertador de cordas dourado. Eu pego o despertador, dou corda, ajusto o horário e programo para despertar. Coloco-o na boca, segurando a aste com os dentes e com o visor virado para meu queixo. Passo o pó de magnésio em minhas mãos. Coloco a luva e o protetor de braço. Armo o arco, pego uma flecha, coloco-a no arco e armo para lançá-la. Sempre com o despertador em minha boca. Fico com a flecha tensionada no arco o máximo que consigo. Quando não aguento mais, desarmo o arco, dou dois passos para trás, me afastando do espelho e armo o arco novamente. Fico novamente segurando a flecha até não conseguir mais. Dou mais dois passos para trás. Fico repetindo essa ação de armar o arco, mirar no espelho, tensionar até não aguentar mais.  A distância máxima que chego é de mais ou menos uns 15 metros, onde ainda consigo me ver no espelho. Continuo armando o arco, mirando no espelho, segurando a flecha até não conseguir mais. Sempre com o despertador na boca. Somente após o despertador tocar que eu solto a flecha.

Inspirada na Aporia do Tempo de Santo Agostinho, a Trilogia do Tempo é uma série de trabalhos que explora as impressões do tempo na alma, ou seja, a memória, a atenção ao presente e a expectativa.

Na Trilogia do Tempo: Futuro, direcionei-me a exploração da expectativa. A ação é simples, lançar uma flecha contra um espelho. Contudo, o trabalho explora exatamente a expectativa que se cria na experiência do tempo a partir da ação. Este é um dos poucos trabalhos meus em que o tempo é previsto – quando acerto o despertador tenho uma idéia de horário e o tempo de despertar. Mas a experiência do tempo se alarga com a repetição de armar o arco e mirar no espelho assim como com a deterioração do corpo nesse processo. No final da performance, eu quase não conseguia esticar o braço e armar o arco. E por mais que o espelho fosse grande e eu estivesse mirando nele, errei o alvo.

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Foto de Fernando Ribeiro

Fernando Ribeiro

Artista da performance e curador, vive e trabalha em Curitiba, Brasil. Ribeiro se destaca como um dos principais artistas da performance do Sul do país. Sua trajetória conta com mais de 17 anos dedicados a performance art, tendo participado de diversos eventos nacionais e internacionais. Também atua como curador de performance na p.ARTE e Bienal de Curitiba.