Dialética do Corpo e Espaço 2 | 2015

Ano: 2015
Local: Paralelo 31 – Reverberações da Arte Contemporânea em Pelotas – Pelotas, Brasil.
Druação: 1 hora

Ano: 2015
Local: Paralelo 31 – Reverberações da Arte Contemporânea em Pelotas – Pelotas, Brasil.
Druação: 1 hora

  • Descrição

  • Sobre a Performance

A noite, carregando uma mochila nas costas, eu me encaminhei para o prédio do Mercado Central de Pelotas. Ao escolher o face mais escura do prédio histórico – que ocupa uma quadra – tirei da minha mochila 4 novelos de lã e uma lanterna. Lancei  2 novelos em cada poste de luz que se encontrava nos cantos do prédio. Ao andar de um lado a outro sempre iluminava o prédio com a lanterna. Logo após me direcionei ao centro da quadra. Assim, comecei a enrolar os novelos de lã na minha cabeça, começando a enrolar entre a nuca e a boca aberta e conectando meu corpo ao do prédio. Após enrolar bem a boca, passo a enrolar toda sua cabeça e, aos poucos, tiro outras lanternas de mochila, fixando-as com os novelos de lã em minha cabela de modo que conseguisse iluminar o prédio. Eu fico sempre de frente para o prédio. Após fixar 5 lanterna ao meu corpo e ter a cabeça toda enrolada com os fios de lã, solto os novelos e começo a andar para trás, tensionando os fios que me prendem ao prédio. Quando os fios arrebentam, caio ao chão e com uma tesoura corto os fios amarrados em minha cabeça e me levanto, terminando a performance.

Com a performance Dialética do Corpo e Espaço, (DCE) de 2014, iniciei uma série de trabalhos pensando a relação espacial, de arquitetura e com meu corpo. Em geral são espaços que possuem limitações e que exigem um trabalho que se adapte a ele. A Dialética do Corpo e Espaço 2 foi criada especialmente para a mostra Paralelo 31 – Reverberações da Arte Contemporânea em Pelotas. Foi selecionado o prédio histórico do Mercado Central como o local da performance e desenvolvi o trabalho para ele. Assim como a DCE 1, escolhi trabalhar com o novelo de lã devido a sua natureza não agressora em relação a arquitetura. O fato da performance estar programada para acontecer a noite me possibilitou explorar a questão da visualização da arquitetura a noite. Devido a isso escolhi o lado mais escuro do prédio durante a noite. A relação deste trabalho não é só com a arquitetura mas também com a cidade de Pelotas. Após fixar os novelos de lã na arquitetura, começo envolvendo-os entre minha nuca e minha boca aberta. A escolha desta ação está relacionada a história de Pelotas. As pelotas – de onde surge o nome da cidade – eram barcos de fundo arredondados que serviam para carregar o charque para o outro lado do rio. Os escravos carregavam as pelotas puxando pela boca e atravessando o rio a nado.

Social

Apoie o artista

 

Newsletter

Assine a newsletter e saiba mais sobre as atividades de Fernando Ribeiro.

Foto de Fernando Ribeiro

Fernando Ribeiro

Artista da performance e curador, vive e trabalha em Curitiba, Brasil. Ribeiro se destaca como um dos principais artistas da performance do Sul do país. Sua trajetória conta com mais de 17 anos dedicados a performance art, tendo participado de diversos eventos nacionais e internacionais. Também atua como curador de performance na p.ARTE e Bienal de Curitiba.